Será que um grupo de sujeitos, à espera do autocarro, se pode considerar uma equipa?... Jamais! Fundamentalmente, porque aquela malta carece de um objetivo comum, não são interdependentes e dificilmente se complementam. Ou seja, o João vai estudar e a Maria passear, se um deles não aparecer, ninguém se vai chatear e se um “encaixa” no outro, pouco parece importar. Por sua vez, numa unidade orgânica, todos devem comungar de um propósito, como jogar futebol ou pavimentar uma estrada. Neste caso, o desempenho de um, já afeta os demais, conforme acontece quando o guarda-redes “deixa entrar um frango”, os restantes “galos” ficam igualmente presos à “capoeira”. Os seus componentes também exercem diferentes papeis. Para os que não acreditam, experimentem pôr uma casa de pé só com arquitetos e engenheiros!?... Nunca irão apreciar tanto o “virtuosismo” dos trolhas, eletricistas ou carpinteiros! Em qualquer team, são precisos “artista e carregadores de piano”. Daí que um conjunto de estrelas nem sempre assegure uma constelação de grandes resultados!
Operar no seio de um “bando” dá ainda imenso jeito, pois, se alguma coisa correr mal, facilmente podemos culpar alguém! Naturalmente que esta postura só é apanágio das “matilhas” medíocres. Nas equipas de alto rendimento, não se procura quem falhou, mas o que não funcionou. Não se condenam pessoas, questionam-se processos! A força coletiva não é fruto de um momento, constrói-se! Começa com uma seleção criteriosa dos seus elementos, depois estes ajustam-se, mesmo que nesta fase ocorram algumas convulsões. Posteriormente, emergem regras adaptativas e só mais tarde atuam solidariamente como um bloco. Quando se chega a este último patamar, “a vedeta” já perdeu as “peneiras” e o protagonista maior passa a ser o pelotão. Aqui, o poder da sinergia criada, oriunda dos esforços conjugados, supera largamente o somatório do contributo de cada um. Tal qual acontece com uma parede, onde a sua robustez depende menos da qualidade dos tijolos, do que do cimento que os agrega. Aplicado ao ser humano, significa que os indivíduos até podem ser fracos, mas se as suas relações forem fortes, ninguém os deita a abaixo!
Acabamos por falar de coesão, ingrediente essencial ao alcance de metas excecionais. Esta dimensão assenta na intensidade das ligações existentes, onde a reciprocidade efetiva é vital. Como ilustra a expressão brasileira “amar sem ser amado, é como tomar banho sem estar pelado.” Temos de estar sintonizados, ao contrário do que ocorreu com aqueles dois homens que trabalhavam ao longo da berma de um caminho. Até que alguém lhes perguntou, “o que estão a fazer?” Ao que um deles respondeu indignado, “eu faço buracos, o meu colega tapa-os!?... Agora, parece que o gajo que punha os postes, faltou!...” Moral da história, não chega a cada um executar o que lhe compete para que a obra fique completa. A frase “mas eu já fiz a minha parte” deveria mesmo ser banida de qualquer organização que persegue a excelência. Quanto mais não seja, porque a melhor forma de ser competitivo, passa por ser cooperativo, como demonstra o exemplo daqueles três “rivais”, Luciano Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras, que em boa hora se decidiram juntar, criando assim o álbum de música clássica mais vendido de sempre.
Frequentemente, gasta-se mais energia “à pancada com os nossos” do que a combater o adversário que se encontra lá fora. Destruímos o próprio Forte onde vivemos, ao invés de tentar derrubar o Castelo do inimigo que nos ameaça! Sem dúvida que, a luta entre solistas pode desafinar uma orquestra! Nunca devemos perder a noção do todo. Logo, numa verdadeira equipa, “ninguém parte pedra, erguem-se catedrais!” Há que enquadrar as tarefas dando-lhes uma missão bem mais inspiradora. Não se joga à bola, entra-se em campo para vencer! Divide-se o fracasso e partilha-se o sucesso, pois digerir na solidão a glória, tem enormes semelhanças com o amargo sabor da derrota. É preferível comer um pudim a meias do que um fardo de palha sozinho! Claro que os burros não pensam assim!... Enfim, sigamos a doutrina daquele velho provérbio africano “se tens pressa, vai sozinho, mas se queres chegar longe, arranja companhia!” Asserção superiormente reforçada por quem um dia proferiu as sábias palavras “às vezes, sinto que somos anjos de uma só asa, precisamos apenas de nos abraçar para levantar voo!”